quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quando a estiva desce a Lisboa...

Admito que sou por natureza contra greves e manifestações. Acho que há outras formas mais saudáveis, enriquecedoras e viáveis de defender os direitos postos em causa. Se por vezes me sinto "um pequeno ditador" de pensar desta forma, aqui percebi o porquê deste meu pensamento.


Há formas e formas de mostrar o descontentamento. Mais um protesto anti-Sócrates, ninguém agrada a gregos e troianos. Mas, goste-se ou não pelo menos de Sócrates sabemos alguma coisa. O que quer e para onde vai. Daquele que se diz o maior partido da oposição continuamos a nada saber...

12 comentários:

fortix disse...

Mutatis mutandis: os estivadores deviam ser enforcados num poste de iluminação! Que ousadia manifestarem-se... de forma tão pouco sensível aos ouvidos dum benfiquista que estuda Direito!

Viva o Sócrates... o tal que sabe para onde vai: vai contra as pessoas... e como o Pinho mostrou... é mesmo à cornada!

Depois admiram-se que esteja no ar uma revolta social!

Pedro Pavia Saraiva disse...

Caro fortix,

Penso que haverá outras formas de protesto. Mostrar descontentamento chamando "filho da puta" ao primeiro ministro em frente á Assembleia da República não me parece certamente a melhor solução.

Não me ouviu certamente a gritar vivas a José Sócrates. Entendo é que de todas as soluções é certamente a menos má. Não é obviamente a perfeita.

fortix disse...

Eh pá... há um DESESPERO tão grande entre as pessoas que elas esquecem a educação! Há gente a suicidar-se... há gente JOVEM a emigrar (a minha irmã, por exemplo), há gente sem ter pão para dar aos filhos... e quando olham para o lado só vêem bancos e banqueiros a ser ajudados... e, mesmo com a crise, a terem lucros fabulosos! E os estivadores a verem o seu trabalho ser entregue a privados... pufffff....

Sócrates é um tiranete... que secou tudo à sua volta! É ver gente de valor, do PS, de esquerda verdadeira... a desaparecerem do mapa e/ou a serem perseguidos de forma mais ou menos encapotada! Cravinho é um deles! Outro exemplo? Maria do Rosário Gama, por se ter manifestado contra a Ministra da Educação! E podia estar aqui o resto da tarde a dar exemplos, caro amigo...

Ouça Medina Carreira, por exemplo!

Felicidades (excepto para o Benfica)!

Pedro Pavia Saraiva disse...

Eu percebo esse desespero, acredite que percebo!

Ainda assim, e sabendo que o País está mau, tenho a certeza que vai ficar muito pior se Sócrates não ganhar as próximas eleições.

Pragmaticamente estamos numa luta entre Sócrates e Manuela Ferreira Leite, tudo o resto é fogo de artificio.

Se as coisas estão, más, como estão pode ter a certeza que dentro de uns meses podem ficar bem piores...

E não sou um fã de Medina Carreira. O bota-abaixismo constante é algo que pessoalmente me desagrada...

Felicidades!(Benfica incluido...)

fortix disse...

Medina Carreira tem ideias e obra pensada e feita! E soluções!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_Medina_Carreira


Não se trata só de "bota-abaixismo", como diz... isso é demasiado redutor para falar de alguém com valor reconhecido!

E- lá está - alguém que saiu do PS...

Por que será?! São tantos... tantos... como agora me ocorreu o nome do Carrilho, que foi quase arrumado e "saiu de cena"... e só me espanta que Manuel Alegre ainda não tenha dado esse passo...

fortix disse...

Já agora, sobre a "bipolarização" entre PS e PSD... ou, como diz, entre Sócrates e Ferreira Leite... se calhar era tempo do povo português procurar outros caminhos! Deixar de idolatrar figuras (como Amália, Eusébio, Salazar... Sócrates... Ronaldo...) e passar a acreditar mais em ideias e projectos plurais! E "alternativas" é algo que só existe (devia existir) no plural... :)

E os novos caminhos fazem-se... caminhando! Estás nas nossas mãos... na hora de pôr o voto na urna!

Pedro Pavia Saraiva disse...

Concordo plenamente com o seu ultimo comentario. O caminho faz-se obviamente caminhando.

Sou por projectos, por ideias e principios. Não por pessoas, tenho até alguma aversão a essas massas que seguem um lider.

Mas neste momento quem tem ideias e projectos sólidos, fortes e coesos é o Partido Socialista! No presente é o que temos, no futuro logo se verá...

Obrigado pela leitura!

João disse...

Pedro

Tenho vindo a acompanhar o teu blog nos últimos tempos com atenção e gosto... agora este comentário foge muito ao que (eu julgava) ser a tua linha de pensamento. Quando se acha que o poder deve estar no lado da maioria, das pessoas; quando se se afirma socialista, ou seja, se defende o desenvolvimento social, então não se pode ser contra a greve, a única arma, mas a mais forte, que as pessoas tÊm para defender os seus direitos.

Não devemos ser benfiquistas demais para deixarmos de ver a razão só por defendermos as cores da nossa camisola. Os ideais devem sempre falar mais altos que os partidos, sempre!

Abraço

João

Pedro Pavia Saraiva disse...

Caro João,

E eu tenho muito gosto em ser meu leitor e comentador corrente. Eu sei que esta minha ideia das greves é algo "polemica" e até contraditoria com a minha corrente de pensamento. Ainda assim vou tentar explicar esta minha opinião sobre as ditas greves:

1º- Sou a favor de greves. Quando estas fazem sentido. Quando têm razões para fazer greves e em proporções adequadas.

2º- Não percebi o porquê da manifestação, percebeu? Acha que aquele tipo de linguagem (em frente á Assembleia da República) é adequada aos motivos (?) do protesto?

3º- Acusar-me de cegueira partidaria quando o assunto são greve e sindicatos quase que, com o devido respeito, dá vontade de rir.

4º- Não há formas, a meu ver, mais eficazes de fazer a tal greve. Nos países nordicos por exemplo quando os trabalhadores (tome-se por exemplo uma fábrica) sabe o que fazem para lutar pelos seus direitos? Trabalham mais horas, ficam a trabalhar num horario pós laboral, não remunerados, de forma a demonstrar que caso sejam correspondidos nas suas exigências podem trabalhar mais e melhor...

5º- Não me peça nunca para estar com quem faz greves sem motivos suficientes, com motivações partidarias e as 5f ou 6f pelo belo do fim-de-semana prolongado

Uma vez mais agradeço a leitura e estou sempre pronto para a troca de ideias!

Abraço

João disse...

Pedro,

Vamos lá por partes, que este teu post merece bem um comentário:

1 - Começaste por dizer "Admito que sou por natureza contra greves e manifestações" e agora dizes "Sou a favor de greves". Um passo atrás que são dois passos à frente. Parabéns.

2 - Se não percebeste o porquê da manifestação, talvez o esclarecimento fosse o primeiro passo para poder criticar.

3 - Então as razões da greve: O Estado como já deves ter visto prepara-se para privatizar os portos maritímos comerciais bem como as plataformas logísticas a criar (Vê o Diario Economico de hoje). A concessão destes portos inclui a manutenção, gestão, ou seja os trabalhadores passam para o sector privado. Já se sabe o que as pessoas que disso são alvo pensam. Reestruturação, reengenharia, redução - Segue-se contratação a prazo, precariedade. Não é novidade. Tem sido sempre assim.

Veja-se o documento de 2007 do Banco Mundial, com a avaliação crítica que faz sobre o processo de privatização no sector portuário na Holanda. E o que propõe o Governo? Ir ainda mais longe nas "concessões" e na entrega a privados de muitas vertentes e áreas de actividade deste sector.

Isto é uma liberalização fortissíma desta área. Um verdadeiro ataque neoliberal. Aquilo a que um partido como o PS se deveria opor. Trata-se de uma área fundamental da economia e da soberania do Estado numa área fundamental para este Pais com a costa Atlântica que tem.

E sabes que mais? Claro... Como é habitual neste PS tudo sem conversação com os sindicatos! Nem uma palavra aos stakeholders mais importantes. Claro!

Resultado: Greve! o que mais?

3 - Dás o exemplo do Norte da Europa para mostrares que existem alternativas à greve, como por exemplo, trabalhar ainda mais!! Pois não acredito que isso seja verdade lamento! Alguém te enganou com essa.

Queres uma prova que tenho razão?

Prova: Vai ao google e pesquisa greves no Norte da Europa! Então não é que aperece (entre muitas outras):

2006, euronews: "Cerca de 6000 estivadores do porto de Hamburgo, na Alemanha, entraram em greve, esta quarta-feira, contra uma directiva comunitária que pretende liberalizar a actividade portuária na União Europeia. O protesto estendeu-se também a outros países, como a Holanda e a Bélgica. Em Roterdão, foi feita uma greve de quatro horas, que contou com a participação de algumas centenas de trabalhadores"

Então meu Pedro, não é que afinal os nossos estivadores seguiram os melhores exemplos da Europa!? O que dizer disto??

mas também podes ver:

“Ontem, o sindicato finlandês de papel e celulose rejeitou a proposta sugerida pelo departamento de seu país. Com isto, a greve está na quinta semana e o mercado espera que ela dure, pelo menos, mais duas semanas.” ou "Os trabalhadores das plataformas petrolíferas da Noruega vão voltar ao trabalho amanhã, depois de uma greve que dura há quatro meses. Esta decisão vai permitir um regresso à normalidade na produção de petróleo do país que é o terceiro maior exportador mundial."

Esclarecido neste ponto?

Aliás fica também sabendo que os trabalhadores Suecos são os mais sindicalizados da Europa e que os trabalhadores dos portos do Norte da Europa são os mais bem pagos e com mais direitos do Mundo.

4 - Se ha uma razão para os nossos estivadores dizerem demasiado palavrões, o que é natural, choca alguns ouvidos mais sensíveis do nosso país, é porque para além de serem malta sindicalizada também são malta da bola... já deves ter visto no jornal. Mais especificamente dos NN. São malta baril, mas deixam-se entusiasmar demasiado, um problema tipico dos benfiquistas (já foste ver um jogo com os NN, é bem porreiro, mas so para ver de fora...)

João disse...

5 - O direito à greve é fundamental. Está respeitado e consagrado na lei. Verifica-se nas sociedades desenvolvidas deste 1000 A.C!.

É a única arma que os trabalhadores têm para fazer valer os seus direitos.

O Trabalho é a unica coisa que as pessoas podem oferecer em troca da sua (sobre)vivência. A única moeda de troca que as pessoas têm. Mas é ao mesmo tempo o bem mais valioso que os patrões precisam para expandir a sua riqueza. Desse equilíbrio muito sensível resulta um respeito entre Trabalhar e Receber pelo trabalho. Quando esse equilíbrio se destabiliza o patrão Despede ou trabalhador faz Greve, conforme o responsável. Este é o peso na balança que permite algum equilíbrio entre os que detêm o capital e aqueles que apenas detêm a força dos seus braços. Se for posto em causa... caminha-se como tu disseste e bem, para a ditadura, porque se retira a pouca força que o povo tem.

Por fim, que já vai longo, todas as greves são legítimas, pelo que disse, se forem decididas pela maioria dos trabalhadores, no seio do seu orgão de representação, o sindicato!

Enfim....

Abraço

e deixa de me tratar por voçê, sff..., pensava que já tinhas percebido que anonis anonimus sou teu primo ;P

João

Pedro Pavia Saraiva disse...

Desisto, ganhas-te...
Perdi por KO...lol

Abraço